Você faz analise para SE ouvir ...

Você  tem aquela amiga com quem pode conversar por horas e falar sobre tudo, aquela amiga que sempre tem os melhores conselhos e sempre lhe apoia ? Você acredita que essa amiga tem a chave da sua historia, sabe tudo de sua vida , não há segredos entre vocês. 

Para muitas pessoas fazer analise deveria ser como uma conversa com a melhor amiga, onde a Psicanalista terá o bônus e lhe dar os conselhos ainda mais assertivos, apoiar ainda mais suas ideias e sentimentos e apontar o caminho que deve seguir para se sentir bem. Fazer analise, para muitas pessoas, soa como ir a um parque de diversões onde ao final do dia medem seu resultado pelo tanto de alegria que sentiram . Não é toda pessoa que busca a analise sabendo, ou melhor, estando disposta a olhar para seu abismo, encarrar suas verdades e lidar com as dores dos conflitos e traumas. 

Então o que é fazer analise ? É olhar para si mesma, entender suas emoções, perceber o que lhe afeta, fazer as relações entre as diversas partes de sua historia. É sobretudo se tornar agente ativo de sua cura. A Psicanalista não trará os conselhos como a melhor amiga, não apontará o caminho certo a seguir e, principalmente, não irá julgar nada do que for dito. 

É fato que buscamos o colo, a proteção e a direção do outro que nos forneça segurança para fazer nossas escolhas, mas se pensarmos bem, o caminho apontado por outro pode não ser o nosso melhor caminho, o conselho dado por outro pode não suprir toda nossa necessidade, o colo que é tão bom as vezes carrega quem tinha condições de já andar e até correr. 

Na analise quem fala é você. Sim, o analista está lhe ouvindo e fará pontuações necessárias á reflexão, mas você fala. A questão é que a maior importância não está no que o analista está ouvindo de você mas sim no que você está ouvindo de você mesma quando fala. 

Freud dizia que a Psicanalise é a cura pela fala, é ao narrar tudo que lhe vem á mente que você vai se ouvindo, vai percebendo conexões vai encontrando respostas. É a fala sem restrições, de forma livre, uma porta para o acesso ao inconsciente. 

Para Freud é no inconsciente que estão as nossas memórias, pensamentos e desejos reprimidos, aquilo que fica mais submerso, mais escondido. Lembranças e sensações que por algum motivo foram bloqueadas ao nosso acesso consciente costumam ser motivadores de ações e pensamentos que nos causam conflitos. 

Falar, em forma de associação livre, espontaneamente e sem julgamento nenhum de valores, é trazer á tona o que estava submerso. O analista ouve, mas é você quem ouve mais, é você quem escuta cada som, cada palavra porque o discurso só é discurso na analise quando vem acompanhado de emoção, é você quem sente a emoção. 

Você faz analise para SE OUVIR , Escutar suas palavras e sentir o que lhe afetou é o passo para VOÇÊ encontrar os seus caminhos, as suas respostas, os seus melhores conselhos. Falar e se escutar é a janela aberta para a cura.