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QUANDO O AMOR MACHUCA: As raizes psiquicas da violência nos relacionamentos

  • carlasamoreira
  • 31 de jul.
  • 2 min de leitura
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A violência nos relacionamentos, infelizmente, não começa no primeiro grito ou na primeira agressão explícita. Ela costuma ser plantada muito antes — na infância, na observação silenciosa das relações dentro de casa. A Psicanálise, desde Freud, nos ensina que as primeiras vivências emocionais, especialmente com as figuras parentais, moldam profundamente nossa estrutura psíquica. É no seio familiar que aprendemos, ainda sem saber, o que é o amor, como se expressa o afeto, como se resolve um conflito e o que se deve ou não tolerar em uma relação.

Quando crescemos em lares onde um dos pais exerce violência — seja verbal, física ou emocional — e o outro silencia ou aceita, registramos isso como uma possível “forma de amar”. A criança, ao presenciar gritos, xingamentos, chantagens e afastamentos, aprende que o afeto está ligado ao sofrimento, ao controle, à dominação. Freud já nos alertava sobre a força das experiências infantis na constituição do aparelho psíquico e como elas se repetem nos vínculos futuros, mesmo que inconscientemente.

Lacan aprofunda essa ideia ao afirmar que o sujeito está estruturado na linguagem e que o desejo do Outro — os pais, no início — marca profundamente o modo como se posiciona no mundo. Se o amor recebido foi marcado por abandono, humilhação ou agressividade, é possível que esse sujeito busque, no futuro, repetir esse padrão, como tentativa inconsciente de simbolizar algo que foi vivido de forma traumática.

Já Jung amplia o olhar ao considerar que o inconsciente coletivo também carrega padrões relacionais transmitidos de geração em geração. Muitas famílias perpetuam modelos de relacionamento baseados em dominação, submissão e sofrimento, sem nunca questioná-los. Romper com esses padrões exige consciência, enfrentamento e cuidado com a própria história emocional.

Por outro lado, quando crescemos em ambientes onde o afeto é expresso com respeito, carinho, escuta e limites saudáveis, também aprendemos que é assim que o amor pode — e deve — ser vivido. A forma como nossos pais se relacionaram entre si se torna uma espécie de espelho interno: o que vimos ser vivido entre eles influencia diretamente o que esperamos, aceitamos e buscamos nos nossos próprios vínculos.

A Psicanálise oferece um espaço de escuta profunda e livre de julgamentos, onde é possível investigar essas marcas inconscientes e reconstruir uma nova forma de amar, longe da violência e mais próxima do cuidado. A terapia psicanalítica online é uma alternativa eficaz para quem não pode estar presencialmente no consultório, permitindo o mesmo processo de elaboração e transformação.

Se você percebe que repete ou aceita padrões que ferem sua saúde emocional, talvez seja o momento de escutar a si mesmo com mais cuidado. A Psicanálise pode ser o caminho para isso.

(Carla S. A. Moreira - Psicanalista - @terapia.psicanalise.online)

 
 
 

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© 2024 por Carla Moreira, Psicanalista

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